Você já viveu um período no qual a maior parte dos seus planejamentos fluiu, com pequenas alterações, e sem grandes surpresas indesejáveis?
Foi mais ou menos o como eu vivi esses quinze dias. Confesso que eu já tinha me questionado se isso era realmente possível depois desses anos de tantas crises mundo afora. Mas, depois de uma noite em que eu assisti a rua alagar até não passar mais carro ali segui para um feriado tranquilo com tempo de me preparar para começar cedo o dia com um evento criativo (Creative Mornings) no qual pude acompanhar uma palestra super inspiradora da Profa Tassi Moreira sobre futuro ancestral/ decolonização. Ali ela me surpreendeu ao apresentar uma referência de ficção (um livro do Daniel Munduruku que agora entrou para minha lista) falar sobre escolhas e caminhos e terminar em um momento de troca com pessoas bacanas também trilhando caminhos com arte, cultura e movimento cidade/litoral
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Alguns dias depois eu tive um bom retorno de mídia social rápida (acredite se puder)! Fui conferir as informações de transmissão de um evento do qual eu havia perdido a inscrição para o presencial (estava na estrada, vagas esgotaram rápido, etc) e vi o anúncio de vagas por desistência e com ajuste de última hora consegui ir presencialmente (como era meu plano inicial!), me provando que mesmo quando as coisas parecem definidas ainda pode existir possibilidade. Conheci a biblioteca Alceu Amoroso Lima por dento e acompanhei aula do prof. Marcos Bagno, que nos lembra que a norma culta tão valorizada e defendida em alguns espaços sociais é geralmente bem diferente da gramática correta.
Essa discussão sobre linguagem e o que parece, mas não é, combina com uma partilha que vi esses dias de pessoas com doutorado e outras titulações refletindo sobre pesquisa e validações. Infelizmente hoje vivemos uma era de especialistas de internet, que de fato não realizam pesquisa formalmente, nem tem validação ou repertório para as propostas que apresentam. Por outro lado, muitas das pesquisas que acontecem em ambiente acadêmico se mantem distantes de um publico mais amplo e dialogam pouco com outras esferas. Uma das pesquisadoras apresentou que existem inclusive casos de indivíduos com conhecimento prático ancestral e de vivência que obtiveram reconhecimento em espaços de ensino formal, mas ainda existe uma lacuna grande.
Fiquei pensando, entre outras coisas, em uma leitura que fiz ano passado, do livro A Trama da Vida, do pesquisador de fungos Merlin Sheldrake. Ali em um dos capítulos ele comenta que sem a prática da ciência cidadã muitas das espécies hoje mapeadas e algumas pesquisas desenvolvidas nem existiriam, pois ainda existem poucos profissionais dedicados e recursos destinados ao campo em questão. Ainda temos um longo caminho a trilhar, mas mais gente refletindo com profundidade e argumentando além de frases prontas já é um começo.
No período em que conheci gente que se importava e compartilhava sobre formas de estudo autodirigido me lembro de uma das partilhas do facilitador ser sobre acabativas, afinal todo mundo tende a comentar sobre a importância da iniciativa, mas nem sempre iniciar é a parte mais desafiadora do processo e muito menos o que vai garantir a sua conclusão. E este período para mim foi bastante sobre isso já que além dos eventos citados eu concluí um projeto ensino de literatura que me exigiu um tanto de adaptações, feito telenovela se ajustando a audiência, e ainda pude celebrar o processo com a pizza do mês do Master Veggie, sabor tempê (um dos meus alimentos favoritos)!
Adoro terminar a news em tom de celebração e ainda vou deixar algumas partilhas abaixo, mas só sinto que consigo concluir esse assunto dizendo que pessoalmente eu não percebo que o processo mais desafiador ou principal costuma ser iniciativa, nem acabativa ( conclusão), até porque nem tudo tem uma conclusão clara ou um início marcado, mas o desafio muitas vezes está no meio, na sustentação, que nem sempre conta com pizzas surpreendentes, conexões motivadoras e validações (até já falei sobre isso na news de nov24). Mas quase sempre é uma fase com chuvas intensas, reagendamentos, silêncios intermináveis paralelos a ruídos de ordens variadas. E vez ou outras a gente gasta energia sustentado espaços que são seguros só na aparência e se afasta de reais objetivos, motivações e dinâmicas nas quais podemos estar realmente a serviço.

DICAS deste período:
O espaço no qual eu participei do Creative Mornings foi o Juicy Hub, um co-working em Santos que promove diversos eventos assim como este, mas existem capítulos deste evento em algumas cidades do Brasil, inclusive de forma virtual
Para quem está em SP este final de semana dos dias 3 e 4 de maio está marcada a Feira do Livro da Rocha, que vai isolar uma rua inteira no Bixiga, permitindo apenas a passagem para pedestres e envolve 10 espaços com programação diversa e foco na literatura
Dicas de meditação (Outro dia me pediram e lembrei que ainda não compartilhei nada assim por aqui):
Headspace (tem app e vários vídeos no youtube, alguns bem curtinhos e outros com imagens de paisagem real)
Raissa Zoccal, tem práticas de yoga e entre as meditações destaco a yoga nidra, que é uma forma de relaxamento
Posso compartilhar mais dicas assim nas próximas edições da News. Aproveita e me conta nos comentários, ou por e-mail se você gosta desse tipo de meditação e se utiliza algum outro app ou referência.
🎶Estou encerrando a News ouvindo Mata Atlântica – Alberto Rosenblit, mas lembrei muito de Better Things e suas diversas versões e como eu as ouvia durante o período de isolamento 20/21
Valeu mesmo pela companhia e até a próxima partilha! Se lembrar de alguém que possa se interessar por partilhas neste formato aproveite para enviar o convite para conhecer esta publicação😉
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