Quando eu extraio os pigmentos botânicos para tingimento de tecidos a cozinha fica imersa no aroma da planta, um dia desses foi alecrim, no outro foi repolho roxo. Descobrir outros potenciais em plantas que fazem parte do nosso referencial em pratos, vasinhos ou canteiros é uma experiencia indescritível.
Desde 2010 eu tenho mergulhado no universo da sustentabilidade além da superfície e atuado de forma mais, ou menos direta com educação ambiental. E de tempos em tempos aparece algum conteúdo novo que me surpreende e encanta. Já me peguei diversas vezes pensando em como teria sido diferente aprender certas coisas na época de colégio pelo prisma que tive o privilégio de conhecer anos depois. Mas o fato é que posso aprender agora, e posso compartilhar também.
Eu tenho achado até divertido as perguntas que chegam sobre eu experimentar com as tintas naturais. Eu tenho testado essa prática como forma de tangibilizar ideias, inclusive pensando em potenciais projetos futuros análogos aos livros. Mas parte da dinâmica de experimentar é porque é um processo interessante. Eu imagino como isso pode soar estranho em uma sociedade que preconiza que qualquer atividade, mesmo no tempo livre, precisa ser produtiva e de um tipo de produtividade engessada que só serve em um molde de sociedade.
Diante de todos os acontecimentos desafiadores que já viraram notícia nos últimos anos, crises de saúde, clima, recursos e tantas coisas mais, temos dificuldade coletivamente em imaginar algo diferente da sociedade em que habitamos. Nem faz tantos anos vivíamos em um mundo em que mídias sociais eram algo que ocupava um espaço pequeno, só podiam ser acessadas de aparelhos grandes e eram espaços de conversa e emojis. Um espaço onde a partilha de texto e imagens caseiras era maior do que a de vídeos, que em geral possuíam baixa resolução. Assistíamos séries inteiras em aparelhos de TV com resolução pior que um smartphone de modelos que agora já estão antigos. E alguns anos antes disso até controle remoto era luxo.
Nesse meu período em conexão com os estudos socioambientais tive a oportunidade de conhecer a Teoria U, ela me encontrou inicialmente em uma imersão nas montanhas do RJ e alguns anos depois fiz uma formação que encontrou sede na FGV em SP. Em conexão com o movimento físico inspirado em práticas de dança e teatro, prototipagem para projetos de inovação, uma rede global mediada por tecnologia ead do MIT e uma turma motivada a expandir sua escuta para além do conhecimento teórico, passei algumas semanas vivenciando a lógica do U (te convido a saber mais sobre isso aqui) partindo de uma questão “Por que continuamos a coletivamente produzir resultados que ninguém quer?”
O título oficial da formação era “Transformando os negócios, a sociedade e a si mesmo”, pois no fundo está tudo interligado. E pode ser que você tenha formulado uma resposta para a pergunta do parágrafo acima, acontece que a conversa ia muitas vezes por um caminho de entender como é que nós indivíduos temos muitas vezes atitudes que sustentam o oposto do que realmente queremos construir.
Em alguns dias fica realmente mais difícil acreditar que o agora é melhor momento para produzir qualquer coisa. Eu tenho falado isso em algumas partilhas, pois estou trabalhando viver mais o presente. É diferente criar planos jogando só para um futuro indefinido, hipotético, projetado a partir do passado, ou pensar no que poderia ter sido, no e se... (ambos os cenários e suposições são ótimos na escrita de ficção). Mas realizamos e produzimos somente no presente. Só que alguns dias são um tipo de presente que é difícil de entender e só dá vontade de gritar PRÓXIMO e torcer para que no próximo a gente não precise mais disso.
Como de costume misturei temas e relembrei referencias da década passada, mas que ainda estão ativas e relevantes. Quem sabe ressoa por aí alguma coisa também... se quiser pode me contar nos comentários (pode ser direto via e-mail também). Parte do motivo pelo qual eu voltei a produzir newsletters foi porque sentia falta do tipo de interação que tenho nesse meio, que é diferente de outras mídias e não me impulsiona a produzir conteúdo estéticos e tecnicamente mais complexos. Mas como disseram as meninas da banda “The Linda Lindas” em uma entrevista recente, a questão não é ter tempo para produzir, criar, inventar, etc. pois esta não é a parte extra, é a necessária.
Valeu por me acompanhar até aqui e se estiver chegando agora deixo o convite para se inscrever e receber as próximas via e-mail
Até a próxima!
🎶Escrevi parte dessa News ouvindo Flaira Ferro. (recomendo conferir os clipes também)
📚Estou lendo atualmente Nadia Keane da escritora gaúcha Ana Jeckel, leitura fluida, protagonistas adolescentes, boa dica para esse público 12+
📺Dica de série é Hilda, uma animação que mescla críticas à vida urbana com um universo fantástico e tem uma trilha sonora muito boa.
Essa seleção de ficção é mais infanto - juvenil e bacana para quem busca algo mas leve (mas alguns episódios são um pouco emotivos)
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