“Faz o que você quiser, fala o que você quiser, só não olha para a câmera!” se você reconhece essa frase, então provavelmente já assistiu, talvez mais de uma vez, o filme nacional “Saneamento Básico- O Filme”
Este longa metragem voltou aos cinemas e agora em 4K. Eu não sei se a experiencia será muito diferente só por isso, mas me lembrei que na época em que eu costumava frequentar festivais de cinema tive oportunidade de acompanhar uma mesa com o diretor desse longa. Nem era um momento relacionado especificamente a este filme e ali alguém fez uma pergunta sobre reparar em erros de continuidade e outras questões e se minha lembrança estiver correta ele respondeu que apenas repararia nisso se a história não fosse envolvente.
Esse foi para mim um daqueles momentos nos quais você sente um misto de alívio e gratidão por estar ali e ter escolhido aquilo. Foi um momento de reconhecer que também tem gente que se importa com a história, mesmo em um mar de conversas apenas sobre técnica e forma, que sim, são muito relevantes, até porque o formato é áudio/visual (como dizia um dos meus professore na faculdade um filme deve ser 100% som e 100% imagem), mas é necessário dar atenção ao conteúdo. Hoje é mais fácil a gente nem lembrar de dedicar muito tempo ao conteúdo, já que é tudo muito rápido e muita gente prefere contar com os auxiliares artificiais para gastar menos tempo.
Confesso que na época que o streaming ainda não havia ganhado espaço no Brasil eu assisti um filme na tv, que além de não ser em alta definição, a tv estava falhando e até perdi algumas cenas. Só que eu gostei tanto de história que fui atrás do DVD para assistir devidamente e depois fui conhecer o quadrinho que inspirou o filme e tenho os dois até hoje. Por outro lado, tem muita coisa com alta definição, efeitos CG e sei lá mais o que, que eu nem vejo até o fim, ou que impressiona uma vez e depois a gente até esquece.
O longa metragem que conta com Fernanda Torres, Wagner Moura, e vários nomes conhecidos do grande público no elenco, entrou na minha lista de obras que trabalham questões socioambientais por meio da ficção. Pode parecer uma escolha óbvia, ou nem tanto, mas até o significado de ficção é debatido no filme que com senso de humor e uma construção de conflito entre as personagens centrais, mostra o universo que quem estudou e/ou já participou de produções com baixo orçamento (especialmente antes das filmagens com celular em alta resolução) vai reconhecer. Não vou nomear quais, assim a gente mantém a magia e deixa de lado alguns dos absurdos que parecem imaginados.
Hoje produzir vídeo é bem mais acessível e estamos nos acostumando com formatos cada vez mais curtos e com menos espaço para reflexão. Dessa forma fica ainda mais importante celebrar as histórias que nos convidam a pensar além de suas próprias estruturas. E tomara que mesmo com tantos reboots, adaptações, remakes e o que mais puder surfar a onda do que “já deu certo” ainda sobre espaço para as produções originais, porque certamente existem pessoas criativas e competentes para desenvolvê-las.
📚Agora que já indiquei filme vou indicar livro, que é o que mais tenho feito nos últimos anos e algumas pessoas me dizem que anotam ou gostam das dicas, mas meu foco aqui é divulgar o que sinto falta de ver em espaços diferentes:
Comida Comum – Neide Rigo (uma leitura tranquila, é como acompanhar uma partilha direta da autora, uma conversa, recheada de partilhas de frutos que inspiram nosso imaginário e despertam curiosidade, ou lembrança. Vegetarianos se preparem para passagens que nos fazem agradecer por ser um livro só de texto, mas é pouquinha coisa, a maior parte é sobre cultivo, partilhas, fermentação e práticas que mesmo nas páginas estimulam a reconexão com um viver mais conectado com o planeta que habitamos)
A Dieta da Poesia – Afonso Cruz (o autor português, na mais recente publicação da Editora Dublinense, mostra novamente sua admiração pela poesia em uma novela que seguindo a característica de ser um texto mais curto que um romance, pode ser lida em uma única sentada. Ler o texto de um português nos apresenta momentos de reflexão sobre as formas diferentes que temos de utilizar algumas palavras e o autor surpreende na reflexão não somente sobre a arte da escrita, mas outras formas também) mas confesso que prefiro Vamos Comprar um Poeta, do mesmo autor.
📺E eu compartilhei esses dias no youtube uma pequena seleção de livros com os quais eu aprendi fatos inusitados, mesmo todos os títulos sendo narrativas ficcionais.
🍿Dessa vez escrevi mais no fluxo da inspiração, com tema único e foi sem trilha sonora, mas já que falei de filme aproveito para recomendar pipoca, a maioria dos milhos que se encontra nos supermercados é modificada e muitos vem com aditivos, sabores, manteiga, tem gente que curte..., mas ano passado eu conheci o Projeto Crioulo que trabalha com sementes crioulas de milho e vende pipoca na espiga, de milho colorido! É mais trabalhoso de encontrar e eu sei que preço da pipoca de micro-ondas é mais barato, mas para um evento especial vale conhecer.
Por enquanto eu não faço publi nenhuma, só divulgo mesmo porque sinto que é bacana e gosto de apoiar. Se as minhas partilhas fazem sentido para você e puder compartilhar também vamos fortalecendo a rede! De qualquer forma agradeço a companhia do outro lado da tela.